o sonho

Por vezes, nos damos por conta e nos achamos pensando profundamente em tudo de bom e ruim que já aconteceu na nossa vida. Enfim, fazendo um balanço de tudo que nos assolou ao longo da nossa vida desde que nos conhecemos por gente.
Desde que nascemos já se encontra em nossa vida um espaço guardado para os bons e maus momentos que a vida nos guarda. Espaço esse que já começa a ser preenchido logo que nos tiram do ventre da nossa mãe. Começa assim, estamos muito bem lá dentro, envoltos de uma placenta gosmenta, ligados diretamente com uma fonte interminável de alimentos e vitaminas, chamamos essa ligação de cordão umbilical. Ta tudo ótimo lá dentro, escutamos com tranqüilidade tudo que falam lá fora, não é quente nem frio... Mas, como nessa etapa da nossa vida, nós não mandamos, lá vem um médico pra nos tirar do nosso sofá materno. Daí começa a se encher o nosso espaço dos maus momentos. Começa com a enorme claridade que afeta diretamente os nossos ricos olhinhos, depois as palmadas que nos dão (como se já não bastasse à judiaria), alguns de nós ainda vão pra uma cela denominada de incubadora. Então penso, alguns já são presidiários desde que nascem. Mas tudo bem, assim é a vida. A coisa toda começa a melhorar quando nos enrolam em quaisquer trapinho e nos dão, após um banho, às nossas mães para podermos fazer um lanchinho em alguma das duas térmicas naturais que acompanham as nossas mamães.
Por fim, após um tempo de incômodos no hospital e tudo mais, vamos para a nossa nova casa, e lá sim, não espere sair de lá dentro dos próximos 20 ou mais anos. Nesse meio tempo vamos adquirindo experiência o suficiente para fazer as coisas erradas sem querer, e coisas certas com alguma razão.
Chegamos lá pelos nossos 10 anos de idade, já passamos por algumas etapas da educação na escola. E aí começa a parte dos bons momentos da vida novamente, quase 100% de chance que nessa idade vamos encontrar um “grande amor” na escola. Vamos todo dia tentar ser a pessoa mais simpática e agradável do mundo, (na medida do possível, é claro, afinal somos completamente inexperientes nesse papo de amor. O bom disso, é que a pessoa que amamos tem a mesma idade que nós, logo ela também não tem muita inteligência nesse papo de romantismo, o que deixa tudo igual).
Passamos essa etapa, alguns dos romances iniciados naquela época seguiram, se tornaram namorados felizes e com planos para o futuro. Agora já estamos lá com os nossos 16 anos, hormônios à mil por hora nos rapazes, querendo achar uma mocinha pra chamar de princesa e tudo mais. E as mulheres querendo um cara romântico, amigo, sincero, companheiro, confidente, atencioso, esperto, bonito, simpático, o que está completamente correto, algumas mulheres merecem caras assim. Nessa idade, a maioria da gurizada que dar muito beijinho na boca, muitos amaços nos cantos da escola, ou no meio do pátio mesmo. Mas por mais avoado, ou mais quieto que um homem nessa idade possa ser, sempre tem uma coleguinha escolar que muda completamente o cidadão. O cara passa a se vestir diferente algumas vezes, enpapa o cabelo de gel só pra ficar ‘fashion’, ótimo. Mudanças são sempre bem vindas. Alguns engatam um namoro sério, outros não, apenas curtem o momento que é propiciado. Os que aderem ao namoro, bom, esses podem se preparar pra tudo, ou quase tudo, chamegos, beijinhos, ótimos momentos juntos, caminhadas no shopping, cinemas, ficar a sós no quarto ouvindo música e se perguntando como será o dia de amanha, mais beijinhos, tiram um tempo pra conhecer a família um do outro, certas vezes de maneiras pouco esperadas. Mas como todo relacionamento, vem no pacote, algumas brigas, discussões, caras fechadas, o não atendimento de ligações, ciúmes, mais brigas, mais discussões, algumas desconfianças... Até que.... Chega um ponto que tudo que tinha pra ser aproveitado, já foi, o casal não tem mais motivos pra continuar juntos, (Aí está mais uma terrível parte da vida, a separação). Mas tudo bem, o mundo não termina aí, alguns ficam amigos depois do fim, alguns não.
Nesse tempo que namoramos, creio que boa parte das pessoa dessa idade está na faculdade, sendo fulminado por trabalhos e provas horripilantes, mas tudo bem, quando vê já é quarta-feira e tem jogo do nosso time, saímos da aula com aquela empolgação de que o time vai bombar, vai amaçar o adversário, mas claro, tem dias que os jogadores não estão lá tão bem.
Então, chegamos em casa, alguns tomam banho, outros contam para os pais, irmãos, avós, gatos, cachorros, como foi a aula, e o quão difícil ela foi. Passado um tempinho, muitos vão para o computador, falar novamente com quem passou boa parte da noite já compartilhando contas e problemas para serem resolvidos em aula. O papo vai muito bem e tal, até que o seu amigo, ou amiga tem que ir dormir, mas você está sem sono, e fica mais um tempo na frente deste monitor, aí começa a olhas todas as fotos que lá estão armazenadas, fotos com os amigos, fotos dos amigos, fotos dos momentos engraçados e dos tristes pelo qual passou, fotos com a namorada, namorado. E então, ao olhar as fotos, começa a se lembrar de cada cena que aconteceu, de cada momento único que passou nas nossas vidas e que certamente não voltarão mais. O único problema das fotos, é que as vezes acabamos vendo quem não queremos, ou um simples desconhecido que está lá, mas, tudo bem, o que vai se fazer? Segue-se a vida.
Nesse meio tempo em que namoramos, nos separamos, fazemos faculdade, alguns trabalham, outros não. Alguns procuram emprego, outros não. De qualquer maneira, a vida é ótima. Para os homens: mulheres, futebol, coca-cola, os amigos, festas, ou ficar em casa mesmo. E para as mulheres: homens, novos namorados, cabeleireiros, manicures, festas, amigas (dá a sorte de algumas gostarem de futebol).
Então, uma bela noite, antes de dormir, você faz novamente, toda uma recapitulação da vida, fica se perguntando, aonde anda aquele amigo, ou amiga sua que estudou com você na 4ª, na 5ª ou na 6ª série, fica achando uma barbaridade vocês nunca mais terem se visto. Fica ali na cama imaginando uma cena que se passou e já fica se castigando por não ter falado ou feito o que deveria naquela hora. Mas tudo bem, o mundo é uma bola, um dia tudo acaba voltando a nossa frente.
E mais uma vez o tempo passou, já nos encontramos lá com os nossos 25, 26 anos de idade, alguns já formados, outros, ainda como no tempo de escola, estão repetindo de ano na faculdade. Os que se formaram não vêem a hora de arrumar um emprego naquela área pela qual acabou de pegar o diploma, é um sacrifício, pode até arrumar um emprego no qual faça o que goste, mas tão certo quanto noite é preta, você vai reclamar do salário. É a vida, é a lei do mercado de trabalho, mas ta tudo sob controle, você vai lá, trabalha, ganha o seu montão de dinheiro, e no fim do mês vai rever os amigos, festas, baladas, novas namoradas, novos namorados. Até que plimmm.... Surge uma grande oportunidade, a oportunidade que você passou toda a faculdade esperando para aparecer. Agora você vai ganhar muito, vai virar um magnata ou uma dondoca de tão bem que vai ganhar. (Infelizmente outros não, ou continuam na faculdade, ou desistiram da faculdade, ou estão trabalhando com aquele salário que não dá pra comprar nem um filhote de gato persa).
Quando chegarmos lá pelos 30, 33 anos de idade, muitas das pessoas que conhecemos nos tempos de escola e universidade já estarão casadas, com filhos, ou separadas pela segunda vez, nunca se sabe. Mas de repente você está ali, solteiro, ou solteira, curtindo a vida nos barzinhos desse Brasil, quando num momento mágico, entra no ambiente o seu par perfeito, mas ao olhar bem, você vai ver que é aquele seu amor de quando tinha 10 anos e estava na escola, ou é a sua primeira namorada ou namorado, ou, em último caso e o mais propício a acontecer, uma pessoa que você nunca viu antes, mas naquele momento sentiu que é a pessoa para casar, beijar, passar momentos a sós, caminhar, ir no shopping, no cinema, ficar no quarto conversando, ouvindo música e se perguntando como será o dia de amanhã. Se a pessoa que entrou no bar for mulher, no dia de amanhã ela vai dizer que quer casar, ter filhos e ter uma família feliz ao seu lado. Se for um homem, vai dizer que o dia de amanhã ele vai dizer que quer ser muito feliz ao seu lado, que vai fazer todas as suas vontades, que vai te ligar todos os dias, mas de repente a palavra casamento não sai, (o homem é mais inseguro nesse aspecto). Aí a mulher pergunta se ele não pensa em casar e ter uma família, como ela acabou de desabafar, então como se tivesse tomado um tapinha na nuca, o sujeito fala: “Mas claro que penso em casar, e você é a mulher perfeita pra isso.” (Viu, só precisava de um empurrãozinho).
Aos 40 anos, está casado, ou casada. O homem não vê como poderia estar mais feliz, tem uma mulher que todos os homens da rua fariam fila para pedir em namoro caso não estivesse com você, ela te ama, cozinha bem, é uma companheira pra todas as horas, e é a mãe do seu, ou seus filhos. E a mulher, não passa pela cabeça dela como poderia estar mais realizada, tem um marido que todas as mulheres jogam o telefone para ele entrar em contato, mas ele te ama, e só tem olhos pra você. Ele sabe cozinhar, faz pratos deliciosos, é o seu porto seguro, e acima de tudo, esse homem que você escolheu é o pai dos seus filhos.
Aos 60 anos, você começa a achar que ainda tem aquele vigor, aquela saúde que tinha quando estava na casa dos 20 anos de idade, faz coisas imbecis, como querer se exercitar correndo uns 15 metros, quando pára a corrida, tem que voltar pra juntar os pulmões que ficaram pelo caminho. Isso o homem, pois a mulher vai estar em casa tricotando ou tendo uma conversa entre avó e netos, mas nada de suar, quer se manter sempre limpinha, pois vai chegando a idade, e a vontade por banhos pode ir ficando pouca.
Nos anos que se seguem, toda vez que você apóia a cabeça no travesseiro, tem a certeza que a vida foi muito boa com você, quando era jovem, teve bons e leiais amigos, alguns ainda continuam até hoje, conheceu mulheres maravilhosas, ou homens maravilhosos, namorou, ficou, beijou, estudou, teve bons empregos, teve filhos maravilhosos e se casou com a pessoa mais certa do mundo. Bom, após tudo isso ta na hora de se mudar, os ares da cidade a muito tempo já não são mais puros, tens que ir pra um lugar tipo, a praia, ou a serra. O ar ainda é limpinho, não tem tanta violência quanto tem na cidade, e você vai se incomodar muito menos com as crianças que insistem em jogar futebol todo o santo dia na frente da sua casa.
Agora já estamos com uns 80 anos, velhinhos, mas sempre ativos, sempre fazendo alguma atividade pra não enferrujar, tem os seus netos como os anjos que Deus colocou no seu caminho pra te ajudar a trilhar essa etapa da vida que já está ficando difícil de se adaptar. Mas ta ótimo, você é um idoso, ou uma idosa pra frente, enfrenta bem os probleminhas que a idade impõe.
Pronto, já tens 95 anos, a vida foi excelente, agora já está pronto pra ir falar de perto com a verdadeira pessoa que te colocou no mundo, e finalmente ter as respostas de todas as perguntas que nesses 95 anos de vida não conseguiu responder. Então numa manhã dessas você está dormindo e vê que o seu tempo está acabando, no fundo da sua mente você começa a escutar uma voz lhe chamando, essa voz vai ficando cada vez mais alta, cada vez mais perto até que de repente, alguém toca o seu braço......então quando vê, sua mãe está parada na sua frente, dizendo que está na hora de acordar e ir para a escola. Então você se da conta que tem 10 anos de idade, tudo que aconteceu depois que passou dos 10 anos foi um simples sonho.
Bom, se 80% do que você viu foi um sonho, fique feliz, pois você pode ficar no mundo real e fazer o seu próprio destino, e não esperar que tudo aconteça tal como você sempre sonhou.